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Centro de Letras e a Identidade do Paraná - (Historiografia - Colunista Nei Garcez)

Em 1853 o Paraná desmembrando-se da Província de São Paulo, emancipando-se, tornou-se de maioridade para administrar seus próprios bens – as riquezas naturais de seu extenso território de 199.315 km quadrados, a sua cultura, os ideais de sua gente, seus costumes, a sua terra.

Mas esta emancipação política não aconteceu do dia para a noite; foram muitos anos para “colocar a sua casa em ordem”.

Para não voltarmos muito ao tempo, Bento Viana, em Paranaguá - já entusiasmado por idênticas pretensões antigas de outras personalidades públicas – em 1.821, com mais outros, também, infrutiferamente, tentou esta Emancipação Política que só veio a acontecer em 1853.

Mesmo considerando-se que, ainda em tempos de Monarquia, D. Pedro II, filho de português, mas brasileiro de nascimento e de coração, tendo governado o Brasil por 50 anos, vivendo para o Brasil, inaugurando ferrovias, telégrafo, expandindo a indústria, o comércio, a rede bancária, o plantio do café que deu muita vida aos portos, incentivando a Arte e a Cultura, era muito respeitado e considerado um verdadeiro pai dos brasileiros, em razão de uma série de fatores, demorou-se algum tempo para que o Paraná se administrasse por conta própria, adquirindo a sua identidade política, econômica, intelectual e cultural.

Eis, porém, que em 1889, houve a Proclamação da República e D. Pedro II, deposto, foi obrigado a sair do país, ficando, os brasileiros, sem “aquele pai monárquico”, de sangue português, mas brasileiro no pensamento, em suas atitudes e, que amava, profundamente, o Brasil.

Aquela época, com a mudança brusca na gestão do país, foi muito difícil para os brasileiros, pois, ficaram um tanto à deriva, e o Paraná, mais ainda, praticamente recém emancipado. A partir daí, particularmente, tivemos que escrever toda a nossa história, do passado e do presente, registrando a nossa identidade política para servir de esteio e parâmetro para as futuras gerações que, hoje, somos nós, e assim deverá ser sucessivamente.

Assim é que, para escrever a sua identidade, os líderes, escritores e historiadores, jornalistas, poetas, comerciantes e industriários da época, fundaram o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná em 1900, hoje instalado na rua José Loureiro, aqui em Curitiba.

Continuando a integração desta identidade, em 1909, ali no bairro onde hoje é a Vila Isabel, fundou-se o Instituto Neo-Pitagórico, sob a presidência do eminente Professor Dário Veloso, com uma diretoria composta por escritores, poetas, professores, filósofos, industriários, jornalistas e muitos estudiosos e intelectuais da época, onde se reuniam para tratar dos mais elevados assuntos da sociedade, quer sejam sobre Educação, Cultura, Filosofia, Artes, Religião e tantos outros conhecimentos de ordem superior. Emiliano Perneta também estava lá, à frente, discursando sobre tantos temas, da época, e de interesse da sociedade.

Prosseguindo com os propósitos intelectuais e culturais daqueles tempos, no dia 19 de dezembro de 1912, Emiliano Perneta, Euclides Bandeira e tantos outros, entre escritores, poetas, jornalistas, doutores, filósofos, comerciantes e industriários, fundavam o Centro de Letras do Paraná, - conforme ata assinada por 67 pessoas - entidade literária esta, muito ativa, que, através da Prosa e da Poesia, consolidou ainda mais a identidade do Paraná, passando, juntamente com as outras entidades congêneres, a escrever a história do nosso Estado.

Naquele mesmo dia, 19 de dezembro de 1912, Emiliano Perneta, juntamente com tantas outras personalidades com ideais comuns, também estava à frente da fundação da Universidade Federal do Paraná que - como universidade, foi a primeira do Brasil – um dos grandes marcos e arrojos para a histórica identidade do nosso povo.

Se vasculharmos toda a história de nossa cidade, de nosso Estado e País, iremos constatar que 1912 foi um ano de acontecimentos muito importantes.


*****


Nos últimos tempos, depois do Centro de Letras do Paraná ter sido presidido, por um longo período, pelo ilustre Desembargador Dr. Luís Renato Pedroso, de 1999 a 2013, que teve o mérito de gerir o nosso sodalício por ocasião dos festejos de seu centenário e, em seguida, de 2014 a 2015, ter sido muito bem presidido por Neumar Carta Winter; e de 2016 até hoje, Ney Fernando Perracini de Azevedo, engenheiro, também muito amante da prosa e da poesia, da música, da pintura e das Artes Plásticas, abraçou a presidência da nossa casa de letras, com carinho e desvelo, reunindo toda uma diretoria de ideais em comum que o auxilia nos eventos culturais e festivos da Instituição.

Há que se ressaltar, também, que, aquelas reuniões presenciais que eram promovidas às terças-feiras – até segunda ordem - em decorrência dos agravantes da pandemia no decorrer de 2020, levou o seu presidente, Ney Azevedo a realizá-las, em conjunto com suas congêneres culturais, Academia Paranaense da Poesia, UBT-Curitiba, Academia Feminina de Letras do Paraná e Centro Paranaense Feminino de Cultura - através de lives, atingindo, surpreendentemente, muitas outras cidades e estados, integrando, ineditamente, um grande número de entidades culturais deste imenso Brasil.

Para isso, no entanto, Ney Azevedo conta com uma diretoria muito ativa, dedicada e técnica, como também, com alguns colaboradores de outras cidades, onde prevalece um câmbio cultural muito elevado, incorporando aos ideais dos seus fundadores, imortais, lá daqueles idos de 1912.

Fontes:

“UM SÉCULO DE HISTÓRIA - História do Centro de Letras do Paraná 1912-2012”; Romário Martins; Manoel Viana, Vicente Nascimento Júnior (Paranaguá) e Laurentino Gomes “1889”, Google, entre outras.


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