Homenagem a Leôncio Correia
Gilka Correia (descendente do jornalista, advogado, professor, político, escritor e poeta Leôncio Correia), prestou homenagem ao ilustre parente parnanguara, e contou com a participação das crianças Gabriel José Miranda (no papel de Leôncio Correia na infância vivida na cidade de Paranaguá-Pr) e Evelyn Ardigo de Souza, ambos vindos de Paranaguá acompanhados de suas mães, especialmente para a apresentação ocorrida em 30.10.2017 dentro da programação da "Segunda no Centro - Projeto Céres De Ferrante" do Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Gilka Correia indagava às crianças, que respondiam: o menino declamando os poemas do homenageado Leôncio Correia como sendo o próprio autor; poemas estes que constam no livro "Frautas de Outono" que o poeta considerava como o livro da sua vida, e a jovem Evelyn explicava a motivação de Leôncio Correia na criação dos seus versos.
Envolvidos e atentos aos papeis que desempenhavam, Gabriel e Evelyn desenvoltos e comprometidos brilharam ao lado de Gilka Correia, e ao final das suas atuações receberam calorosos aplausos dos presentes.
Chloris Casagrande Justen (Presidente do Centro Paranaense Feminino de Cultura), com a sua peculiar delicadeza e fácil comunicação, encerrou a sessão parabenizando as crianças e a Gilka Correia pelo brilhantismo das atuações, e entregou para Gabriel e Evelyn certificado em homenagem a relevante contribuição para a cultura do Paraná, bem como presentes.
Um pouquinho sobre Leôncio Correia, nas palavras de Gilka Correia:
"Leôncio Correia nasceu em Paranaguá-PR no dia primeiro de setembro de 1865, há 152 anos.
Há 57 anos é o Patrono do Centro de Letras de Paranaguá.
Órfão aos seis anos, foi acolhido pelos tios, o Barão do Serro Azul, na época, o maior empresário e politico local e nacional, e irmão do senador Correia, alto funcionário do império e com ampla inserção na corte.
Muito jovem mudou-se para o Rio de Janeiro e iniciou sua vida púbica exercendo altos cargos administrativos no governo, como advogado, jornalista, escritor, poeta, professor e político.
Foi deputado estadual e federal pelo Paraná de 1892 a 1897, num conturbado período da política nacional.
Manejou, com maestria, as poderosas armas da literatura, seja na vida administrativa, na política, no parlamento, na tribuna, na imprensa, no magistério, sempre um defensor das liberdades públicas e da justiça.
Com uma carreira literária fulgurante e fecunda, conviveu ao lado de Machado de Assis, Olavo Bilac, Paula Ney e outras brilhantes figuras das letras brasileiras.
Membro de várias instituições literárias, como a Academia Paranaense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Parana, a Academia Carioca de Letras, a Federação das Academias de Letras, o Instituto Brasileiro de Cultura.
Cognominado o Poeta do Amor, toda a sua poesia está impregnada das diversas manifestações de amor e ternura em evocações sentimentais.
Amava todos os seres, a natureza, a sua terra natal, Paranaguá, o Paraná e o Brasil.
Exalta a mulher em múltiplas expressões, desde a mulher de atitudes terrenas, indo ao deslumbramento com a mulher amada, a mulher etérea, ao amor platônico na mulher inatingível.
Numa esfera ascendente nas manifestações de amor, atinge as esferas mais puras e chega ao amor à humanidade, a Cristo, a Deus...e na última fase da sua vida atinge o amor total, realizado no amor e no Deus cósmico.
Leôncio Correia era espírita. Participou dos movimentos no Rio de Janeiro...Foi o presidente de honra no Primeiro Congresso de Jornalistas Espíritas. Como espiritualista desenvolveu o autoconhecimento e assim define o ciclo do seu destino:
"Moço, assim abalei, venci num ato heroico, e dentro desse anelo, de sonho em sonho vim rolando até aqui...sempre a fugir...aos trancos volto, sem elmo, e sou, com os meus cabelos brancos, o mesmo sonhador do dia em que parti!..."
Encontra na poesia o bálsamo para suas angústias metafísicas dizendo: "O sofrimento me tornou piedoso."
Declara-se enamorado do sol e amante da luz...
E por ironia do destino, termina seus dias cego, na mais completa escuridão. E assim mesmo, com a alma iluminada, agradece a Deus que lhe concedeu ainda essa bendita luz interior para escrever um poema que é um hino de luz, alegria interior, realização artística e realização humana.
Publicou diversos livros com temas políticos, históricos, crônicas e poesias, mas confessa que: "Frutas de Outono" - Este livro é toda a minha vida."
Vivendo longe, elevou o nome do Paraná a nível nacional.
Como homem público, jornalista, educador e político, expressa o seu amor cívico a sua pátria e declara:
"O meu desejo sempre foi diariamente ouvir o nome do Paraná falado, criticado, caluniado, elogiado, combatido, defendido, motejado, engrandecido, malsinado, mas nunca esquecido!"
Vivendo por mais de meio século longe de sua terra natal, Leôncio nunca esqueceu as belezas da sua terra natal. Revia as belezas de Paranaguá e a exaltou com carinho nos seus mais belos poemas.
A vivência na metrópole não conseguiu apagar do seu coração e da sua emoção as reminiscências da bucólica cidade plantada à margem do Itiberê, cujas águas límpidas continuaram a murmurar e refletir a sedução na sonoridade dos seus versos.
Revia na baía de Guanabara a nativa baía de Paranaguá e as denominava com as duas portas abertas para o Atlântico, para o mundo e para o seu destino."